segunda-feira, 1 de abril de 2013

"População tem que sair do armário", diz membro da Marcha da Maconha

Fonte: Folha de São Paulo

O coletivo Marcha da Maconha SP, que organiza a marcha anual em protesto contra a proibição e pela regulamentação da droga, realiza na terça (2/4), a partir das 16h20, no Viaduto do Chá, região central, um ato contra o projeto de lei que pretende promover mudanças na Lei nº 11.343/2006, que institui o Sistema Nacional de Política Sobre Drogas (Sisnad).

No Facebook, o evento desta terça avisa: "distribuição gratuita de drogas contra o PL que piora a lei de drogas". "As únicas coisas que posso garantir é que será uma ação pacífica e que não teremos problemas com a Polícia", afirmou Filev. Mais de 500 pessoas confirmaram presença pela rede social.

ARGUMENTO

Segundo o texto de divulgação do ato, os manifestantes criticam o PL nº 7.663/2010, apresentado pelo deputado Osmar Terra (PMDB-RS), e que está prestes a ser votado na Câmara dos Deputados, pelas seguintes propostas:

- "a obrigatoriedade de uma nova classificação das drogas com base na sua capacidade de criar dependência, vinculando essa característica ao endurecimento das penas de tráfico"

- "a retomada da política de internação compulsória e involuntária como pilar central para o tratamento do uso abusivo de drogas"

- "e a criação de uma espécie de sistema paralelo ao Sistema Único de Saúde (SUS), credenciando comunidades terapêuticas que não atendem às condicionantes mínimas da política nacional de saúde para lidar com dependentes de drogas".

MARCHA DA MACONHA 2013

Segundo Filev, a Marcha da Maconha deste ano já tem data marcada, 8 de junho. O percurso ainda será definido.

A organização tem a expectativa de que dez mil pessoas participem. No ano passado, segundo Filev, foram de cinco a sete mil. "Os números divulgados [pela Polícia Militar] foram dois mil, mas a contagem que fizeram foi na concentração. Ao longo da marcha entrou muito mais gente".

"Para este ano, pretendemos criar blocos. Assim, quem tem um movimento pode organizar o seu bloco. A marcha tem que ser tão multidisciplinar quanto é o uso de drogas e todas as minorias que sofrem alguma proibição são bem-vindas", diz Filev.

Para o neurobiólogo, a luta é pela regulamentação da erva em vários âmbitos, do medicinal ou religioso ao recreativo. "Lutamos por todo o tipo de regulamentação de uma planta".

Essa será apenas a segunda marcha oficial. De 2008 a 2011, houve proibições, e há dois anos manifestantes e polícia entraram em confronto. Só depois que o STF (Superior Tribunal Federal), em 2011, liberou o protesto baseando-se nos direitos de "reunião" e "livre expressão" é que o coletivo realizou o ato sem problemas.

"Não importa se a pessoa usa ou não usa drogas. Aliás, ninguém precisa saber, pois isso é de cunho pessoal. Para nós, o importante é que quem discorda da lei participe. A população tem que sair do armário quanto a essa questão", opina Filev.

A organização da marcha não incentiva o uso de drogas durante os protestos. "Quem for engraçadinho vai ter que apagar e manter a discrição", avisa Filev. (MARCELO QUAZ)

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